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INOVAÇÃO EM EDUCAÇÃO UTILIZANDO TECNOLOGIAS E METODOLOGIAS ATIVAS: PENSANDO EMPREENDEDORISMO EM EAD

 

Ana Lúcia Guimarães

 

 

Considerando que inovação, avanço da tecnologia e novos modelos pedagógicos de formação dos indivíduos para os desafios futuros, vêem neste caminho, a presença forte do componente empreendedor. O mundo que se descortina para o futuro é o mundo em que as pessoas possuem cada vez menos tempo para estudar, trabalhar e produzir inovações. Então é preciso conseguir lidar com a administração do tempo e a adaptação a produção de novos conhecimentos, através do desenvolvimento de uma competência empreendedora. Por isso, temos que ter este conceito também de acordo com o entendimento que pretendemos referir aqui.

Assim, estamos tomando de forma mais ampla o conceito de empreendedorismo. Estamos focando a vertente que Barreto (1998)[1]  apresenta sobre este conceito, pois em seus estudos, mostra que o empreendedorismo relaciona-se com a habilidade de criar e construir algo a partir de muito pouco. Para ele, empreender vem a ser um ato criativo. A sensibilidade individual para perceber uma oportunidade quando outros enxergam, o caos, contradição, confusão. São competências para descobrir e controlar recursos aplicando-os de forma produtiva.

Outra definição que também nos atende vem a ser a de Werner e Schlemm (2005)[2], que consideram o empreendedorismo como sendo a força propulsora de invenções e inovações que impulsiona de forma histórica o desenvolvimento de povos e regiões. Drucker (1992)[3] define o empreendedor como sendo aquele que pratica a inovação de maneira sistematizada, ou seja, busca criar oportunidades com base em fontes de inovação. O papel exercido pelo empreendedor, como agente de mudança se apresenta como fator que se sobressai no atual contexto econômico e social.

Segundo Dornelas (2001)[4], existe várias definições para o empreendedorismo, entretanto, sua essência pode se resumirem ser diferente, empregar os recursos disponíveis da maneira mais criativa possível, assumindo

 

[1] BARRETO, Luiz Pondé. Educação para o empreendedorismo. Universidade Católica de Salvador. set. 1998.

[2] WERNER, A.; SCHLEMM, M. M. A televisão como instrumento de informação e educação do empreendedor – Estudo de Caso do Programa Paraná Mais Negócios. In: IV Encontro de estudos sobre empreendedorismo e gestão de pequenas empresas. 4, 2005, Curitiba. Anais... Curitiba, 2005,

[3] DRUCKER, PETER. A quarta revolução da Informação. In: Exame, agosto, 1998.

[4] DORNELAS, J.C.A. Empreeendedorismo: transformando ideias em negócios. Rio de Janeiro: Elsevier, 2001.

riscos calculados, inovando e buscando oportunidades. O autor também afirma que o talento empreendedor é o resultado da percepção, da direção, da dedicação e de trabalho de pessoas especiais. Ainda para ele, a decisão de tornar-se empreendedor pode ocorrer aparentemente por acaso ou ainda, devido a fatores externos, ambientais, aptidões pessoais ou a um somatório de todos esses fatores, que são críticos para o surgimento e o crescimento de uma nova empresa, de um novo processo ou mesmo uma nova forma de agir.

 

Nesta compreensão, surge no horizonte de nossas percepções a ideia de que com as transformações sociais profundas, seja nas exigências do mundo do trabalho impostas pelos desafios dos avanços tecnológicos, seja na criação de novos postos e ocupações de trabalho, seja na necessidade de adaptar-se à essas exigências, o novo profissional inovador e empreendedor volta-se para encontrar esta solução no cenário educacional, que não pode estar distanciado deste aparato de mudanças.

Com isto, vemos que o contexto de desenvolvimento e início da consolidação do ensino à distância no Brasil em 1996, emerge com o reconhecimento deste modelo a partir da LDB 9394/96, ganha uma dimensão de urgência da reformulação e preparação de conteúdos, metodologias e práticas, fundadas nas tecnologias da comunicação. Suscitam-se cada vez mais competências para empreender e inovar.

Olhar para o futuro significa aproximar-se e adaptar-se cada vez mais a este modelo de ensino. E por sua vez, este modelo de ensino, também convoca educadores em geral, para qualificarem-se nesta direção. Com preparação de conteúdos, planejamento de materiais, o uso de mídias e meios técnicos, uma grande revisão de métodos e práticas de ensino tradicionais, fundadas na sala de aula tradicional, na qual a construção do conhecimento e seus possíveis desdobramentos ocorriam na relação face to face, isto é, de forma presencial ao longo de todo processo.

Sobre o conceito de educação à distância, vemos que Belloni (1999)[1] nos mostra que a educação à distância consiste em uma espécie de educação baseada em procedimentos que permitem o estabelecimento de processos de ensino e aprendizagem mesmo onde não existe contato face a face entre professores e aprendentes, o que permite a aprendizagem altamente individualizada.

Em Vianney et al (1998)[2], encontramos que os objetivos gerais da EaD referem-se à democratização do acesso à educação, a capacidade de propiciar uma educação autônoma e relacionada à experiência a promoção e o incentivo de um ensino inovador, de qualidade, permanente e que reduz custos.

Para Zanoto (2009)[3], a EaD pressupõe o princípio do aprender fazendo e o fazer consciente e crítico, se bem fundamentado teoricamente. Pode ser descrito ainda, como uma forma de educar sistemática e organizadamente, no qual sua característica básica está no estabelecimento da comunicação de via dupla, onde professor e aluno comunicam-se, interagem e possibilitam a formação do conhecimento.

Assim, conforme nos orienta Piletti (2000)[4], a educação deve ser entendida como um processo de âmbito universal, ao qual todo ser humano está sujeito, não sendo estático nem determinístico, mas variando de acordo com a sociedade em que o indivíduo está inserido.

Contudo, nos interessa marcar que em contextos de educação à distância, transformações no mundo do trabalho, busca de formação de profissionais para um mercado de ocupações e profissões futuras, o conhecimento e a preparação dos sujeitos sociais encontra neste modelo educacional perspectivas de inovação e empreendedorismo.

Pois a Instituição de Ensino Profissional que oferece a modalidade à distância está acompanhando estes avanços e transformações, como nos mostra Vargas (2003)[5] quando aborda que a institucionalização da Educação a Distância no sistema educacional exigirá uma reestruturação interna das instituições de ensino, e isso passa, necessariamente, por uma grande mudança cultural, na verdade, uma mudança de concepções do fazer aprender. Professores e alunos ganham também novos papéis sociais no bojo desta transição.

            O professor, com características empreendedoras, mostra-se como um facilitador, com atitudes de respeito e focado em orientar a autonomia do aluno; além de organizar, sistematizar e comunicar o conhecimento constituído, sem esquecer de trabalhar a autoestima e o espírito de equipe, a inteligência coletiva. Vemos também que nesta relação necessária para o aprendizado, o desenvolvimento de um ambiente de respeito, que possa estimular a livre expressão e a avaliação e aproveitamento de seus  resultados. Já o aluno, ao colaborar ativamente no processo, desenvolvendo suas habilidades e atitudes de comportamento que o leve a construir seus conhecimentos de forma individualizada e autônoma.

            Filion (1991)[6] afirma que o empreendedor é uma pessoa que imagina, desenvolve visões, ou seja é um inovador. Inovar é fazer com que uma ideia se transforme em um produto ou um serviço que pode ter ou não valores agregados. Transformando sonhos em riquezas.

            Vemos assim que o empreendedorismo aliado ao avanço das inovações tecnológicas incentivou em grande parte o desenvolvimento e a prática da educação a distância que, por suas dimensões redesenhou o processo de ensino e aprendizagem. Podemos considerar neste caminho que o ensino à distância é um processo inovador para a de forma de produzir, criar e praticar educação. Pois de certa forma, ela resignifica culturas, informa diretrizes da sociedade do conhecimento como pilar do avanço da globalização e ainda  apresenta um novo conceito de cultura e educação que precisam estar intimamente articulados na produção de novas formas de aprendizado e produção de conhecimento.

           

            Compreender a criação de novos desenhos de sujeito pensante e participativo em uma sociedade em que as tecnologias da informação e das comunicações são cada vez mais reais e oferecem um mapa cognitivo das relações e saberes sociais que indicam o progresso da humanidade é fundamental para se estabelecer um diálogo entre indivíduo, cultura e educação na sociedade contemporânea. Assim, outros modelos e estratégias de ensinar e aprender surgem e ressurgem como inovações no campo da educação e sociedade.

 

[1] idem

[2] VIANNEY, João et al, Introdução à educação a distância, Florianópolis, Sine/ Secretariade Estado do Desenvolvimento Social e da Família/ Secretaria de Estado da Educação/Laboratório de Ensino a Distância da UFSC, 1998, 3v.

[3] ZANOTO, M.M.G.B. Contribuições dos aspectos sóciopolíticos, culturais, filosóficos, econômicos e ideológicos da pósmodernidade para a modalidade da Educação a Distância. In: ANADÃO, B.P.; MERCADO, L.P.L.; MOURA, R.S. (Org.). Educação a distância: perspectivas, possibilidades e resultados. Maceió: [s.e.], 2009.

[4] PILETTI, N. História da educação no Brasil. São Paulo: Ática,2000.

[5] VARGAS, M.R.M. Educação a distância no contexto da mudança organizacional. In: Lima, S.M.V. (Org.). Mudança Organizacional: teoria e gestão. Rio de Janeiro: FGV, 2003.

[6] FILION, L. J. O Planejamento do seu sistema de aprendizagem empresarial: Identifique uma visão e avalie o seu sistema de relações. RAE – Revista de Administração de Empresas, FGV,São Paulo, julho/setembro 1991, Vol. 31, n.3

FUNDAMENTOS DA TECNOLOGIA EDUCACIONAL

PROFA. SUSANE GARRIDO

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