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TUTORIA E DOCÊNCIA ONLINE

Profº JOSE ERIGLEIDSON DA SILVA

Na cibercultura ao mesmo tempo em que o sujeito tem acesso à informação também é capaz de produzir conteúdo e participar colaborativamente. Castells (1996) em consonância com suas pesquisas afirmou que a partir da cultura da virtualidade real a comunicação abandonaria uma audiência em massa tornando-se redes interativas. Aprendemos por meio da interação entre sujeitos e objetos, nesse movimento recebemos e concedemos informação e conhecimento, mostramos como as coisas funcionam e assim ensinamos e aprendemos. 

Assim, vamos buscar em Levy(1999)  e Kerckhove(1995) , o conceito de inteligência coletiva, que de acordo com os autores, revela-se em inteligências conectadas, ou seja, o uso colaborativo das várias inteligências mediante processos de comunicação e tecnologias em rede, desfocando da forma tradicional de ensino para uma perspectiva mais particularizada e específica para cada sujeito da aprendizagem. Sob esse enfoque, a educação, a construção dos saberes formais, ganha uma dimensão personalizada.

Podemos desenvolver esse tipo de interatividade por meio de algumas tecnologias síncronas, como o Skype, Hangout, videoaulas entre outras. Os saberes e as informações passam, então, a serem dispostos de forma associativa na rede a qual pertencem, modificando a lógica de acesso aos mesmos e assim, estaria sendo construída uma inteligência coletiva -entendida por Lévy (1994, p.38) "como uma inteligência globalmente distribuída, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que conduz uma mobilização efetiva das competências".  A saber, Lemos (1997), um importante pesquisador nacional da cibercultura entende que hoje por interatividade é nada mais que uma nova forma de interação técnica, de característica eletrônico-digital, e que se diferencia da interação analógica que caracteriza a mídia tradicional. Outro autor que tem estudado a questão da interatividade mediada é Steuer. Para ele (1993), interatividade se define como "a extensão em que os usuários podem participar modificando a forma e o conteúdo do ambiente mediado em tempo real".

O ambiente virtual de ensino traz consigo esta perspectiva, na medida em que as respostas ao processo de aprendizagem são devolvidas de acordo com o perfil que o aprendiz, o aluno, revela ao professor tutor, portanto, este provoca a sedimentação do conhecimento com ações e debates para que torne concretas as ansiedades expostas. Outro ponto a ser abordado aqui, refere-se ao alto potencial de estímulo da criatividade e o desenvolvimento de uma pedagogia ativa, cooperativa, fundamentada em projetos necessária para a efetivação da aprendizagem em ambientes virtuais de ensino, conforme nos sinaliza Perrenoud (2000), quando apresenta as competências da profissionalização do educador. Nesse sentido, fica também muito evidente que o trabalho em equipe, de forma a desenvolver a cooperação e o engajamento em procedimentos de inovação individuais e coletivos, presenciais e virtuais, por parte dos professores tutores, também compõe este aspecto de estimular e valorizar o processo da inteligência socioafetiva em suas rotinas na prática de orientação aos aprendentes em ambiente virtual.

Um ponto que me chama muito atenção é que o papel do professor-tutor é de real importância na medida em que propõe questões, discussões, chats e fóruns que possibilitam desenvolver nos alunos um sentimento oposto ao de exclusão social, este muito pernicioso para o desenvolvimento completo do sujeito social e sua relação com o mundo, um sentimento que favorece o desenvolvimento intelectual e sócio afetivo que tanto desejamos para nossos aprendentes: uma aprendizagem que reúne as interações entre o sujeito e seu meio ambiente sociocultural e natural.

Com tudo isto, vemos que não é somente o uso da tecnologia computacional na educação, que irá efetivar o processo de aprendizagem em um ambiente virtual. O sucesso do processo de ensino-aprendizagem dependerá sim de softwares gerenciadores, ou plataformas, com características e funcionalidades próprias, que precisam estar a serviço do desempenho global do processo de aprendizagem, mas fundamentalmente, do estímulo que as interações virtuais fundadas na relação transmissão de conhecimentos e saberes técnicos e a dimensão afetivo-emocional, presente nas inteligências coletivas, poderão oferecer ao longo de nossos projetos.

 

Referências

CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999. v. 1

KERCKHOVE, Derrick. A pele da cultura: uma investigação sobre a nova realidade

LEMOS, André L.M. "Anjos interativos e retribalização do mundo. Sobre interatividade e interfaces digitais", 1997, [http://www.facom.ufba.br/pesq/cyber/lemos/ interac.html] 12/05/1999. 

LÉVY, Pierre. Cibercultura. Rio de Janeiro : Editora 34, 1999.

PERRENOUD, PhiIippe, Novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000.

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